Domingo, dia de arrumar a bagunça que deixamos acumular por meses, no armário, nas gavetas, na prateleira dos livros, no coração…
Dia de tentar colocar tudo no lugar, dia de tentar não lembrar, dia de jogar as lembranças em uma sacola de supermercado usada e jogar fora. Dia de fazer tudo o que não estou conseguindo fazer no momento.
Meu armário está bagunçado, não mais que minha vida, que meu coração. Estou sentando no chão cercado de coisas velhas, meias furadas pra lá, cartas pra cá, o presente que não te dei no outro canto e um coração machucado aqui dentro. Não sei do que me arrependo mais, se é de ter deixado você ter ido tão longe com meus sentimentos ou de ter tirado tantas fotos com você, é um saco ter quer apagar uma por uma e lembrar de cada história que elas contam, de ter que concordar com a Cássia Eller e admitir que o pra sempre, sempre acaba.
Na verdade tomei a iniciativa de tirar tudo de velho e que não me serve mais desse quarto e desse corpo, mas cada lembrança sua é como um zumbi, isso mesmo, um zumbi que vai me revirando por dentro como se estivesse me devorando por dentro e mesmo aguentando essa dor, não posso me entregar, não posso deixar de levantar, mesmo com o peso de uma história, nossa história me puxando pra baixo. Os zumbis, ou melhor você e o que você fez não me deixam dormir em paz, não me deixam respirar sem que eu faça um esforço absurdo, isso parece o fim, o fim pra mim.
Era pra ser só um domingo sem recordações, sem fotos, sem bagunça, sem zumbis, sem você, mas só de escrever isso aqui as recordações, as fotos, a bagunça, os zumbis estão presentes, só faltou você e seu sorriso apaixonante e torturante.
Marcos Ferna